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‘COP30 precisa deixar mapa para fim dos combustíveis fósseis’, diz dirigente do Observatório do Clima
Data da postagem: 11/11/2025
10.nov.2025 às 21h43 São Paulo (SP) Adele Robichez, José Eduardo Bernardes e Larissa Bohrer A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30) entra em uma nova etapa em Belém (PA), e o foco agora é a implementação dos acordos firmados em anos anteriores. Para Cláudio Angelo, coordenador de Política Internacional do Observatório do Clima, a 30ª edição tem o desafio de transformar promessas em ações concretas. “A COP, como não é mais uma conferência de negociação de coisas, precisa implementar os acordos que já fizemos”, afirmou em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato. Segundo ele, dois compromissos assumidos em Dubai continuam sem aplicação: zerar o desmatamento até 2030 e acelerar a transição para longe dos combustíveis fósseis. “O presidente Lula está propondo sair daqui com uma espécie de mapa do caminho para orientar a ação global e implementar essas decisões”, disse. “A COP é o mapa do caminho, ou seja, o cronograma para que a transição energética aconteça e consigamos, de fato, abandonar o uso de combustíveis fósseis”, acrescentou. Angelo defendeu que é preciso definir critérios e prazos claros para a transição energética. “Uma decisão que não tem prazo, não diz quais são os critérios, o que é justo, o que é ordenado, nenhum país vai cumprir. É uma das coisas mais importantes de termos, saindo de Belém”, explicou. Para ele, o Brasil tem a oportunidade de liderar o processo em Belém. “O sinal político foi dado pelo presidente da República, mas agora temos duas semanas duríssimas de negociação para saber qual vai ser a cara desse mapa do caminho para os fósseis e para o desmatamento”, indicou. O pesquisador destacou também a importância da adaptação aos eventos climáticos extremos, que vêm se tornando mais frequentes. “Precisamos adaptar as cidades, criar resiliência a esse clima novo, que já mudou”, afirmou, lembrando desastres recentes envolvendo tornados no Paraná e nas Filipinas. “Estamos em um mundo em que agora tudo é possível”, ressaltou, lembrando que “2023 e 2024 foram o primeiro encontro da humanidade com um planeta 1,5°C mais quente, e não foi nada bonito”. Outro ponto central das negociações é o financiamento climático. “Os países desenvolvidos são os principais causadores do aquecimento global e precisam pagar a dívida deles com o mundo”, pontuou. Ele ressaltou o papel do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês), criado pelo Brasil, que já recebeu aportes bilionários e “opera com uma lógica mais parecida com a lógica de mercado do que com a lógica de doação”. Por fim, alertou que a crise climática aprofunda desigualdades. “A mudança climática é um imenso agravador de desigualdade. Ela deixa a comida mais cara, reduz safras e aprisiona populações inteiras em espirais de pobreza”, apontou. O jornal Conexão BdF vai ao ar em duas edições, de segunda a sexta-feira: a primeira às 9h e a segunda às 17h, na Rádio Brasil de Fato, 98.9 FM na Grande São Paulo, com transmissão simultânea também pelo YouTube do Brasil de Fato. Editado por: Maria Teresa Cruz Tags: combustíveiscop30energia limpapetróleotransição energéticaPara Cláudio Angelo, Brasil deve liderar implementação de decisões sobre desmatamento e transição energética
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